quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Desintitulado nº 27.

A estrutura de uma cultura evidencia sua linguagem articuladora. A estrutura da razão evidencia o resultado. O mensageiro vem sempre com a mensagem, disse Heidegger. A resposta está implícita na pergunta. Mas é preciso o entendimento das fronteiras da pergunta para que a resposta seja sabida. Tudo é questão de campo, paisagem, referencial. Espaço que se preenche com tempo. Espaço que é enquanto tempo. Mesmo que o tempo seja vivido, sentido – jamais podendo ser submetido a qualquer necropsia. E seria válido falar em “necropsia” (como se o tempo fosse uma entidade morta)? Não sei, mas o fato é que o tempo é a única propriedade do Universo que não morre, sendo também a única que possibilita o que comumente se chama “morte”: via comparação. Sabe-se da morte na comparação com a vida. Sabe-se da hora de Brasília em comparação com a hora de Tóquio. Semelhanças e dessemelhanças. Vetores negativos e vetores positivos. Dualidade. Há um esqueleto milenar que nos remete a isso. A conclusão não poderia ser diferente. Mas a pergunta persiste: é isso? O problema é que pensamos apenas o mensageiro, não a mensagem. A mensagem é significado, o mensageiro significante. O mensageiro é a projeção da mensagem. É o caminho que a mensagem encontrou para chegar ao destinatário. Mas a mensagem não está no mensageiro. Ela vêm com o mensageiro. Vir é diferente de estar. O ser humano é devir. É aquele que há de vir. A mensagem há de vir com o mensageiro. Mas é sempre o mensageiro que fala a mensagem, seja através do seu trajeto ou das suas mãos.

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