sexta-feira, 30 de março de 2012

Jam n° 15.

Meu pai estava certo quando me dizia na adolescência: "Na vida, tudo é questão de fase, Eduardo. Acalme-se". Problema é que alguns sentires e algumas pessoas ultrapassam as fases e fincam morada rediviva momento a momento no seu peito. Mas será que é um problema ou apenas um atestado de que você sentiu e sente algo verdadeiro que, embora jamais se apague, sempre faz bem? O fato em si é que cada vez mais descubro que meu insight dos dezesseis anos está totalmente correto. Qual insight? O seguinte: a existência apenas detém um sentido quando ancorada no binômio amor e arte. Não é reducionismo: isso realmente resume tudo. Único “porém” de falar isso às cinco e meia da manhã, está para uma gripe que me afeta, uma tosse que me acorda e uma febre que me faz suar. Mas enquanto eu estiver aqui, não há de ser nada, já que cada arfar de pulmões traz a possibilidade de que um dia seja melhor que o outro. Março, enfim, não se tornou o "mês do ponto final", como eu pensava. Ao contrário, tornou-se o "mês do ponto e vírgula". Não se fez um mês de fim de página, mas um mês de pausa breve. Afinal, são dos desesperos prováveis que surgem os amores possíveis. De resto, o caminho se faz ao caminhar: ainda que seja jargão, somos sempre nós que posicionamos placa a placa o sentido dos nossos rumos. E ao buscar mais um pouco de sono e melhoras, concluo: sinto-me tranqüilo pelo que fiz, pois jamais gostei das lembranças de arrependimento. Todos sabem: mais vale se estrepar tentando do que investir na calmaria de um domingo de futebol na TV. Quando o passado não machuca, o presente é um afago e o futuro certamente será ótimo, pouco se tem a lamentar. Resta agora apenas desvendar o sentido de um sorriso e de certas pálpebras de ontem, porque apesar de nem todas as palavras serem verídicas, todas as letras são sentires. 


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