sábado, 18 de setembro de 2010

EM RITMO DE FESTA!

Sou um entusiasta da política. Brigo com quem disser que todos os políticos são bandidos e que ninguém presta. Sou capaz de argumentar por horas não pra defender um partido ou coisa parecida, mas pra dizer que parlamentarismo seria melhor opção política pro Brasil que presidencialismo, por exemplo. Mas diante das coisas que tenho visto no horário eleitoral, ao qual tenho me dado ao trabalho de assistir quando posso, chego apenas a uma conclusão: estamos mal de candidatos.

Se fosse só pra deputado estadual ou federal, o problema não seria grande. Além do mais, grande parte deles chega a ser mais engraçado que qualquer coisa. Tem um candidato a senador que inclusive, querendo dar uma de Fred da novela das oito, chega a defender o fim do Senado. O que até é legal, convenhamos. Mas acontece que nossa maleza vai desses deputáveis aos presidenciáveis. A coisa está feia. Tão feia que me lembra aquele poema do Fernando Pessoa: “tinto ou branco, é tudo igual: é para vomitar”.

Mas calma lá. A gente é brasileiro. Está acostumado a rir do próprio fato de ser brasileiro. A piada é nossa existência. Não fosse assim, já seríamos uma Finlândia em suicídios. Existem alguns que chegam a dizer que isso faz com que compreendamos melhor quem somos. E apesar de eu achar que riso demais é desespero, não custa nada, nem que seja pra relaxar ou talvez entender melhor nossas principais opções presidenciáveis, perceber algumas coisas. Quais? Vamos lá.

Vejamos o Serra. Quem já assistiu aos Simpsons, sabe exatamente do que estou falando. Não que ele seja um muquirana com olhos vidrados que nem o Mr. Burnes. Mas que ele parece o Mr. Burnes depois da quimioterapia, parece. Poderia até ganhar uma grana fazendo umas pontas em festas infantis. Ou quem sabe no Dia das Bruxas, onde as orelhas do Nosferatu daquele filme do Murnau de 1922 lhe cairiam perfeitamente. É aterrorizante. Haja hipocondria pra uma carcaça daquelas. Talvez seja a razão dos genéricos e da extinção dos tucanos vaselinados.

Já a Dilma é uma criatura mais assustadora: parece Chuck, o Boneco Assassino. O fato do Chuck ser vendido em uma caixinha limpinha com ares de bom moço que fará tudo de bom pela criançada, é mera coincidência. Mas que o Chuck, com aquelas bochechas reluzentes de botox, é a cara da Dilma, é sim. Ou seria ela uma espécie de Cauby Peixoto pós-guerrilheiro, ser híbrido que trocou os gorros do Che pelas bolsas da Prada? Acho que a resposta é questão de gosto, nem que seja pela curra.

A Marina, coitada, está mais pra uma Na'vi desnutrida do Avatar. Até seus olhos são meio pra cima! Quem quiser maliciar com ela, capaz de dizer que é de tanto comer alface. Afinal, ela é dos verdes. Mas se a questão for magreza, melhor mesmo seria dar pra Marina o título de mãe da Noiva Cadáver, aquela mocinha do desenho do Tim Burton. Acredito que nenhuma descrição diga mais sobre tudo o que ela representa. Vender comodities de carbono e falar que isso é pra defender a natureza, é o mesmo que sustentar que o ar seria “mais respirável” se feito unicamente de nicotina e alcatrão.

E o Plínio? Complicado. Ele certamente parece alguém que deve ter sido há sabe lá quantas décadas. Quem sabe um César do Império Romano. Se o Paulo Coelho estiver certo quanto à existência dos duendes, o Plínio é um duende velho. Ou um Smurf revoltado. Mas diante das suas alfinetadas estético-discursivas nos debates, ele está mais pro Cérebro do Pinky, ranzinza e verborrágico noite após noite. Jamais irá dominar o mundo. Muito menos os latifúndios hereditários. A chave não é Chávez.

Ficou claro o que disse? Se não, basta perguntar pro Google. É a Biblioteca de Babel borgiana ao alcance da preguiça. Mas se persistem dúvidas quanto ao nosso estado de maleza política, elas também podem ser sanadas com a simples conclusão de que estamos entre eleger pra presidente um vampiro que tem por mestre um sapo sociólogo comedor de celulares, ou uma boneca andrógina que tem por guru uma cruza do Mestre Yoda com um hipotético Qcorpo Santo civilizado, calmo pela cachaça de alguns comparsas de cama e mesa.

Mas como diz o Humbertão naquela música que eu tocava quando tinha dezesseis: “Hey, mãe! Já não esquento a cabeça!”. Simplesmente deixo estar. Em alguns lances, confesso que faço o possível pra que um chute daqueles faça a bola furar em algum palanque. Daí o jogo pararia e as regras mudariam. Mas é só sonho: haveria um juiz pra me atazanar a vida. Por essas e outras que concordo com quem diz que rir faz com que compreendamos melhor quem somos. Acabei de perceber, por exemplo, que como toda gente passei a vida esperando os aviõezinhos do Silvio Santos. Em ritmo de festa! Sou de uma raça que tem a barriga cheia de fome pelo mundo que o mundo não nos deu porque não tivemos coragem de insistir. O que nos faltou? Ter mais que colhões: ter peito.

Mas é melhor que nada isso que está aí, ainda que meus três-quatro leitores sejam gremistas como eu. “Valha-me Deus!”, como diria um velho amigo de Portugal.

16 comentários:

  1. Adorei a boneca das bochechas de plástico!"fará de tudo pela criançada! muito bom! uahuahauhaua

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  2. mas sabe q eu te acho parecido com o plínio???

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  3. Parlamentarismo?
    Lula Primeiro Ministro!
    Valeu pelo humor, a hora é boa e a política não precisa de mais mal humor...

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  4. Quem sabe se a gente tivesse a coragem de se "travestir" enquanto há (?) tempo... colhões e peitos ao mesmo tempo. Mas sei lá, é Brasil, né? Se a vidinha hipócrita e pasteurizada do cidadão de bem (com o perdão do pleonasmo) já é difícil, imagina ter de levar tudo a cabo mesmo (ainda mais literalmente!). Não, deixa pra lá, e sossega, vai tudo continuar como está, nossa inércia continuará decidindo por nós, e a favor deles. Tudo em paz na República de Bananas.

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  5. Quem bom que você está de volta. No geral, inclusive o horário eleitoral, é difícil encontrar um discurso sobre nossa política que tenha humor, ironia, sarcasmo... Particularmente, visando alguma literatura, procuro observar os candidatos que possam gerar o riso, a comédia. Acho que tento fazer a catarse da tragédia que dança diante de meus olhos. Não, não faço a apologia do voto nulo. Também não estou satisfeito com minha contribuição na política. Como você disse, não vamos abrir mão da democracia, conquistada a pouco e com tanta dificuldade. Teria tanto pra falar... Parabéns pela lucidez, Eduardo. Estarei sempre aqui no teu espaço. Abraço.

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  6. Eduardo, parabéns pelo BLOG!
    Política de "P" maiúsculo é tudo que a sociedade brasileira precisa.
    É duro assistir horário eleitoral e ver que se a saúde e educação recebessem na prática a mesma atenção que possuem na campanha, já teríamos outro modelo de sociedade.
    Precisamos continuar participando, conscientizando e acreditando...assim como nosso Grêmio, que vai melhorar...

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  7. Os candidatos que temos não são mais do que merecemos. Não vejo razão nenhuma para termos candidatos melhores que esses. Não há mais salvação no mundo. O mundo vive dos seus matadouros, disse certa vez Artaud. E olha que isso já faz tempo. O que resta é votar em qualquer um desses enquanto nos iludimos que estamos sendo representados de alguma forma.
    Sorte ao blog! E como diz o candidato que se autointitula “o fuzileiro democrata”: Ad sumus!

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  8. Todo político é ou será bandido. O inferno está cheio de boas intenções e até o momento não vi um único, repito, um único político isento. Na melhor hipótese omissos.

    Não vou discutir se parlamentarismo ou presidencialismo, até mesmo monarquia, é o melhor para o Brasil. Pode ser o regime que for, mas enquanto se perpetuar a prática política venal, fisiológica e pitoresca, estará fadada ao fracasso.

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  9. Muito bom, eu mesmo "viajando" pela Fox já tinha dado algumas risadas comparando o Serra ao Mr. Burnes. O que era para chorar aqui é transformado em boas risadas.
    .. as da Plínio com o pink é demais....

    Sucesso no novo espaço.

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  10. Grande texto, Professor!

    Minha singela opinião... A solução para o Brasil seria a volta do Governo Militar.

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  11. Ditadura... madeira nas costelas de novo. Isso que é uma opinião singela, nem quero pensar em qual seria se não fosse. Tá louco, essa foi de doer.

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  12. Começo a achar que o velho Rei-Sol continua aí, mas pelas sombras deixadas pelas opiniões que não passam dos murmúrios das miseráveis rodinhas de bar. Escolher um monstro altamente produzido do Halloween político ou rir do inevitavel, poupar a cutis e fazer como sempre? Ficar só no murmúrio das teclas...

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  13. Adorei o tom, o ritmo e o modo meio socrático que aborda a política!

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  14. Como dizem que o homem é um ser político, por isso que enfrentamos o horário eleitoral gratuito, a cada quatro anos. Pior é que somos obrigados ou estamos acostumados a ouvir a mesma ladainha a cada quatro anos. Uma mentira contada repetidas vezes, passa a ser uma verdade (ou meia verdade?). Por isso toleramos o horário eleitoral grtauito, e somos forçados a entender isso como se fosse política pura, feita por gente entendida em política, que não se cansa em falar a mesma coisa, como se não fossemos pessoas ou seres pensantes. Essa política, tal como é feita na telinha, cansa, idiotiza e afronta o eleitor. Há anos tentam defenestrar a Voz do Brasil, dos rádios, mas por que não fazem o mesmo com o horário eleitoral gratuito? Ao menos deveria ser pago, tal horário na tv e no rádio. Assim, somente os partidos endinheirados teriam chance de aparecer, e ao menos poderia ser banido os incautos e inclutos candidatos que aí se aventuram, como Tiririca e outros milhares.

    Dilma, Serra, Marina, Plínio, se não representam o que temos de melhor, ao menos, podem representar a esperança de uma política mais séria e de menos corrupção nos anos vindouros. O Brasil merece lideranças melhores, mais comprometidas com as causas sociais e com a melhoria das condições de seu povo, melhor distribuição de renda etc., menos corrupção na política e mais, muito mais.

    Em ritmo de festa, a festa da democracia (que assim seja ou que acreditamos), que possamos votar de forma consciente, comemorando o resultado que for o melhor para o Brasil e seu povo.

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  15. Volta do governo militar? Na ditadura não teriamos sequer liberdade para criticar o governo como se faz (ou não) hoje.

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