Um dos maiores problemas do nosso tempo
foi diagnosticado há décadas por Nelson Rodrigues: vivemos uma época em que
"os medíocres perderam a modéstia".
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Nunca, jamais, em hipótese alguma, darei
crédito ou levarei a sério quem diz e repete aos quatro ventos que os únicos e
certeiros "inimigos do povo", "culpados por todos os males do
Brasil", "que merecem uma latrina como cama", são os políticos e
ninguém mais. Vale o mesmo para aqueles que pensam em direitos humanos ao
melhor estilo Datena - bem como para aqueles outros que lêem uma notícia no
site do Projeto Portal (entenda-se: ET Bilu, aquele com voz de criança sacana)
e acham que aquilo é "real". Razões? A vibe desses senhores e tantos
mais é exatamente a mesma. Costumeiramente são os arautos da moral e dos bons
costumes, devotos de um dogmatismo caolho.
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"Sou anti-PT", "anti-PMDB",
"anti-ISSO", "anti-AQUILO": que coisa mais irritante gente
que vive falando coisas assim. Já eu, penso
que bom mesmo é anticoncepcional.
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Seguinte. Pessoa inventa uma bandeira -
geralmente com traços de "bom moço". Em seguida, torna suas cores uma
espécie de roupa. Veste esse tecido em todos os momentos, enchendo a paciência
de qualquer cidadão que cruzar na sua frente. Discursa, debate, participa de
"movimentos sociais" (com vinculação partidária óbvia e interesses
particulares mais claros ainda) e se diz "preocupada". Tenho visto muito disso pela cidade desde a
metade do ano passado. Qualquer coincidência com o ano eleitoral não é mera
coincidência.
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Estamos na época dos slogans sonolentos.
"Fulano é a cara da juventude", "Cicrano é a voz do campo e da
cidade", "Beltrano é aquele que fará mais e melhor". Sem contar
nas inúmeras canções like a San Marino que surgirão nesse meio tempo. Pois olha. Com tantos candidatos feios, com
tantos aspirantes a vereador que nunca viram um boi na frente e com tantos
políticos que não sabem a diferença entre argumento e pedantismo, tenho mais é
que rir. Mas o que acho mais engraçado
(mesmo) é o look das fotos de campanha: quase nunca de terno, sempre de camisa,
geralmente com cara de Chuck Norris bondoso (e bem sucedido) ou de senhora que
freqüenta a Casa da Amizade pra tomar chá com as amigas. A onda é aparentar ser "um cidadão de
bem" - no sentido mais frígido e sem graça do termo. Falta tesão na
política.
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Sempre desconfie de alguém que diz que
"ama sua terra". Geralmente, mesmo que existam exceções, essa pessoa
confunde "terra" com aqueles algodões nos quais as crianças plantam
pés de feijão nos jardins da infância. Ou seja: é tudo descartável, seja qual
for o norte ou o embasamento do discurso. E mais: sempre desconfie dos chatos
de plantão com discursos monocromáticos. Tudo o que se expõe em apenas uma cor
tende direta e totalmente à cegueira - e pior: a propostas carentes de qualquer
utilidade pública.
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Aposta/profecia: "Ai se eu te
pego" será a base para os jingles políticos mais utilizados em 2012. Ou será que o "tchu tchá"? Tipo:
"Eu quero Fri / Eu quero Zzo / Eu quero Zzo / Zzo, Zzo, Zzo / Pra
vereador!".
Pronto. Perdi a oportunidade de me candidatar.
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